Por Mônica Pileggi
Agência FAPESP – Na próxima semana, entre 24 e 28 de outubro, estudantes da pós-graduação, pesquisadores e profissionais da área de ciências sociais estarão reunidos em Caxambu (MG) para a 35ª reunião anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), a fim de discutir temas relacionados à antropologia, sociologia, ciência política e relações internacionais.
Segundo a organização, o evento tem como objetivo criar um espaço de reflexão permanente das atividades e ideias dos cientistas sociais, além de se consolidar como um canal de articulação na formulação de políticas científicas no país e fomentar a comunicação com a sociedade, a partir de temas e questões que afetam o cotidiano dos brasileiros.
Para isso, a reunião concentrará seis conferências ministradas por convidados estrangeiros, 22 mesas-redondas, 38 grupos temáticos – com apresentação de 646 trabalhos –, quatro cursos, cinco fóruns, simpósios e sessões especiais.
Entre as conferências, a antropóloga e secretária-executiva da Anpocs, Maria Filomena Gregori, destaca a que será ministrada por Christina Toren, professora da Universidade de Saint Andrews (Reino Unido), sobre a concepção dos seres humanos em sua variedade e complexidade.
“Toren vem de uma linha de estudos em antropologia bastante inovadora. A professora atua em uma linha de investigações teóricas que buscam inovar a antropologia contemporânea, sobretudo na área de etnologia”, disse Gregori à Agência FAPESP.
A antropóloga também chama a atenção para a conferência de Raewyn Connel, professora da Universidade de Sydney (Austrália), na qual abordará a necessidade da construção de uma ciência social global adequada, do ponto de vista dos estudos de gêneros.
“Durante muitos anos, os estudos de gêneros estiveram concentrados nas mulheres. Connel, quando era Robert – ela é transexual –, foi um importante nome ao inaugurar uma nova tendência de estudos teóricos e
analiticamente consistentes sobre a masculinidade”, ressaltou Gregori.
No encontro, de acordo com Gregori, Connel irá falar sobre a busca de novos modelos teóricos para os estudos de gêneros relacionados aos países do hemisfério sul. “São teorias que buscam novos paradigmas,
problemáticas e abordagens analíticas, levando-se em conta a realidade do mundo na esfera sul”, pontuou.
Sobre os 38 grupos temáticos organizados por membros da associação, Gregori ressalta a diversidade de abordagens. Entre eles, destaca-se o “Sobre periferias: novos conflitos no espaço público”, que, de acordo
com Gregori, aborda o tema sob uma perspectiva inovadora, assim como “Pensamento social no Brasil”.
Há também os grupos “Metamorfoses do rural contemporâneo” e “Novos modelos comparativos: investigações sobre coletivos afro-indígenas”, sendo o segundo uma tentativa de diálogo entre estudos sobre
afrodescendentes e estudos sobre indígenas.
Para este ano, a professora conta que uma das novidades da reunião será a participação de representantes de movimentos sociais nos debates, tais como lideranças indígenas, quilombolas, trabalhadoras sexuais e transexuais.
“Acreditamos que uma forma de estimular o debate sob todas as perspectivas é chamar as lideranças que atuam nessas áreas, além de serem temas presentes nos debates políticos”, pontuou.
Consolidação
Segundo Gregori, entre as principais metas almejadas pela atual gestão da Anpocs estão a inovação dos estudos de ciências sociais no país e a consolidação da associação em todo o território nacional.
Das ações realizadas para fortalecer a presença da associação nas demais regiões brasileiras, além da reunião anual, a pesquisadora destaca a escolha do atual presidente da Anpocs, Marcos Ferreira da Costa Lima, professor do programa de pós-graduação em Ciência Política, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
“A Anpocs ainda tem uma conotação mais forte no Sudeste do país, devido à sua origem. Essa é a primeira vez que temos um presidente baseado no centro do Nordeste. Nossa ideia é consolidar essa ampliação da cobertura da associação no Brasil, que o encontro, de certa forma, já fazia”, disse.
Fonte: http://agencia.fapesp.br/14664
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