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Você sabe o que é Antropologia?

Antropologia (cuja origem etimológica deriva do grego άνθρωπος anthropos, (homem / pessoa) e λόγος (logos - razão / pensamento) é a ciência preocupada com o fator humano e suas relações. A divisão clássica da Antropologia distingue a Antropologia Social da Antropologia Física. Cada uma destas, em sua construção abrigou diversas correntes de pensamento.

Pode-se afirmar que há poucas décadas a antropologia conquistou seu lugar entre as ciências. Primeiramente, foi considerada como a história natural e física do homem e do seu processo evolutivo, no espaço e no tempo. Se por um lado essa concepção vinha satisfazer o significado literal da palavra, por outro restringia o seu campo de estudo às características do homem físico. Essa postura marcou e limitou os estudos antropológicos por largo tempo, privilegiando a antropometria, ciência que trata das mensurações do homem fóssil e do homem vivo.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia

Algumas informações básicas sobre os principais paradigmas e escolas de pensamento antropológico:


Formação de uma literatura “etnográfica” sobre a diversidade cultural

Período: Séculos XVI-XIX

Características: Relatos de viagens (Cartas, Diários, Relatórios etc.) feitos por missionários, viajantes, comerciantes, exploradores, militares, administradores coloniais etc.

Temas e Conceitos: Descrições das terras (Fauna, Flora, Topografia) e dos povos “descobertos” (Hábitos e Crenças).Primeiros relatos sobre a AlteridadeAlguns Representantes e obras de referênciaPero Vaz Caminha (“Carta do Descobrimento do Brasil” - séc. XVI). Hans Staden (“Duas Viagens ao Brasil” - séc. XVI). Jean de Léry (“Viagem a Terra do Brasil” - séc. XVI). Jean Baptiste Debret (“Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” - séc. XIX).

Escola/Paradigma: Evolucionismo Social

Período: Século XIX

Características: Sistematização do conhecimento acumulado sobre os “povos primitivos”.

Predomínio do trabalho de gabinete

Temas e Conceitos: Unidade psíquica do homem.Evolução das sociedades das mais “primitivas” para as mais “civilizadas”.Busca das origens (Perspectiva diacrônica)Estudos de Parentesco /Religião /Organização Social.Substituição conceito de raça pelo de cultura.

Alguns Representantes e obras de referência: Maine (“Ancient Law” - 1861). Herbert Spencer (“Princípios de Biologia” - 1864). E. Tylor (“A Cultura Primitiva” - 1871). L. Morgan (“A Sociedade Antiga” - 1877). James Frazer (“O Ramo de Ouro” - 1890).


Escola/Paradigma: Escola Sociológica Francesa

Período: Século XIX

Características: Definição dos fenômenos sociais como objetos de investigação socio-antropológica. Definição das regras do método sociológico.

Temas e Conceitos: Representações coletivas.Solidariedade orgânica e mecânica. Formas primitivas de classificação (totemismo) e teoria do conhecimento. Busca pelo Fato Social Total (biológico + psicológico + sociológico). A troca e a reciprocidade como fundamento da vida social (dar, receber, retribuir).

Alguns Representantes e obras de referência: Émile Durkheim:“Regras do método sociológico”- 1895; “Algumas formas primitivas de classificação” - c/ Marcel Mauss - 1901; “As formas elementares da vida religiosa” - 1912. Marcel Mauss:“Esboço de uma teoria geral da magia” - c/ Henri Hubert - 1902-1903; “Ensaio sobre a dádiva” - 1923-1924; “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a noção de eu”- 1938).

Escola/Paradigma: Funcionalismo

Período: Século XX - anos 20

Características: Modelo de etnografia clássica (Monografia).

Ênfase no trabalho de campo (Observação participante). Sistematização do conhecimento acumulado sobre uma cultura.

Temas e Conceitos: Cultura como totalidade.Interesse pelas Instituições e suas Funções para a manutenção da totalidade cultural.Ênfase na Sincronia x Diacronia.

Alguns Representantes e obras de referência: Bronislaw Malinowski (“Argonautas do Pacífico Ocidental” -1922). Radcliffe Brown (“Estrutura e função na sociedade primitiva” - 1952-; e “Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento”, org. c/ Daryll Forde - 1950). Evans-Pritchard (“Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande” - 1937; “Os Nuer” - 1940). Raymond Firth (“Nós, os Tikopia” - 1936; “Elementos de organização social - 1951). Max Glukman (“Ordem e rebelião na África tribal”- 1963). Victor Turner (“Ruptura e continuidade em uma sociedade africana”-1957; “O processo ritual”- 1969). Edmund Leach - (“Sistemas políticos da Alta Birmânia” - 1954).


Escola/Paradigma: Culturalismo Norte-Americano

Período: Séc. XX - anos 30

Características: Método comparativo. Busca de leis no desenvolvimento das culturas. Relação entre cultura e personalidade.

Temas e Conceitos: Ênfase na construção e identificação de padrões culturais (“Patterns of culture”) ou estilos de cultura (“ethos”).

Alguns Representantes e obras de referência: Franz Boas (“Os objetivos da etnologia” - 1888; “Raça, Língua e Cultura” - 1940). Margaret Mead (“Sexo e temperamento em três sociedades primitivas” - 1935). Ruth Benedict (“Padrões de cultura” - 1934; “O Crisântemo e a espada” - 1946).

Escola/Paradigma: Estruturalismo

Período: Século XX - anos 40

Características: Busca das regras estruturantes das culturas presentes na mente humana. Teoria do parentesco/Lógica do mito/Classificação primitiva. Distinção Natureza x Cultura.

Temas e Conceitos: Princípios de organização da mente humana: pares de oposição e códigos binários.Reciprocidade

Alguns Representantes e obras de referência: Claude Lévi-Strauss:“As estruturas elementares do parentesco” - 1949. “Tristes Trópicos”- 1955. “Pensamento selvagem” - 1962. “Antropologia estrutural” - 1958 “Antropologia estrutural dois” - 1973 “O cru e o cozido” - 1964 “O homem nu” - 1971

Escola/Paradigma: Antropologia Interpretativa

Período: Século XX - anos 60

Características: Cultura como hierarquia de significados Busca da “descrição densa”. Interpretação x Leis. Inspiração Hermenêutica.

Temas e Conceitos: Interpretação antropológica: Leitura da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura.Alguns Representantes e obras de referência: Clifford Geertz: “A interpretação das culturas” - 1973. “Saber local” - 1983.

Escola/Paradigma: Antropologia Pós-Moderna ou Crítica

Período e obra: Século XX - nos 80

Características: Preocupação com os recursos retóricos presentes no modelo textual das etnografias clássicas e contemporâneas. Politização da relação observador-observado na pesquisa antropológica. Critica dos paradigmas teóricos e da “autoridade etnográfica” do antropólogo.

Temas e Conceitos: Cultura como processo polissêmico. Etnografia como representação polifônica da polissemia cultural. Antropologia como experimentação/arte da crítica cultural.

Alguns Representantes e obras de referência: James Clifford e Georges Marcus (“Writing culture - The poetics and politics of ethnography” - 1986). George Marcus e Michel Fischer (“Anthropoly as cultural critique” - 1986). Richard Price (“First time” - 1983). Michel Taussig (“Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem”- 1987). James Clifford (“The predicament of culture” - 1988).

Fonte: http://nant-iscsp.blogspot.com/2005_05_01_archive.html

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Pesquisadora Manuela Carneiro da Cunha, que acaba de se aposentar como titular da Universidade de Chicago, lança coletânea de textos


© EDUARDO CESAR
Manuela Carneiro da Cunha: "Questões de direitos humanos não podem ser colocadas a reboque de outras considerações que se julguem mais importantes"
 
A antropóloga Manuela Carneiro da Cunha pediu gentilmente para adiar o horário da sua entrevista para o que se revelou mais tarde ser um motivo justo: enviar uma carta aberta com várias assinaturas ao presidente da República advertindo-o dos perigos de se abrir por razões políticas uma estrada que ligaria Manaus a Porto Velho e de como isso iria afetar as populações nativas e o meio ambiente. Como ela mesma gosta de enfatizar, a militância política sempre fez parte de sua vida, foi algo extremamente importante para seu amadurecimento intelectual e várias de suas pesquisas sobre direito indigenista e sobre história indígena foram diretamente suscitadas pela importância política dos temas. Mas, como ela igualmente frisa, nunca houve uma relação simples entre percurso intelectual e militância política como está expresso num dos ensaios de seu livro mais recente Cultura com aspas (Cosac Naify, 440 páginas, R$ 69), uma coletânea de ensaios notáveis como a sua autora oferecendo um painel da produção dos últimos 20 anos da professora, aposentada como titular da Universidade de Chicago desde julho passado.

Esta alma irrequieta e “política”, aliás,já é perceptível na escolha do tema de seu primeiro artigo sobre a relação entre mito e história, a partir de um movimento messiânico que ocorreu entre os índios Canela, do Maranhão, em 1963. Na base do movimento estava o mito de Aukê, a história do menino índio que reaparece como branco e pergunta para os índios e para os brancos que armas ou utensílios eles preferem para comer e para caçar: os índios escolhem o ar co e a cuia; os brancos, a espingarda e o pra to. Esta seria a origem da desigualdade. No movimento iria acontecer uma nova relação de forças com os índios virando donos de fazenda e os brancos caçando na floresta e, assim, invertendo o mito e, dessa forma, mostra o artigo de Manuela, invertendo a história e a desigualdade. Assim é a antropóloga.

Nascida em Portugal, filha de pais húngaros e judeus que foram para lá pouco antes da guerra, chegou em São Paulo com 11 anos. Começou a cursar física na USP, mas ao mudar-se para Paris passou a fazer matemática (é formada nessa ciência exata) e na mesma década de 1960 começou a frequentar os seminários de Lévi-Strauss. O antropólogo estava em busca de alguém que traduzisse para a matemática os seus esquemas e aceitou a jovem em seu grupo, inspirando-a mais tarde a realizar pesquisas entre os índios Krahó do Brasil Central, que acabaram por gerar Os mortos e os outros, ainda hoje um texto fundamental sobre os índios do ponto de vista do estruturalismo e da psicologia. Em 1975 viajou para a Nigéria com o marido e iniciou uma nova etapa de pesquisas focada em questões de identidade étnica, que lhe permitiu de fender sua livre-docência pela USP em 1984 sob o título Estrangeiros libertos no Brasil e brasileiros em Lagos. Sua militância política se intensificou com a participação na Comissão Pró-Índio de São Paulo e a importante presença nas discussões sobre a legislação indigenista que integraram parcialmente o texto da nova Constituição de 1988. Publicou aEnciclopédia da floresta, História dos índios no Brasil, entre outros livros. Foi professora da Unicamp, da USP, onde fundou o Núcleo de História Indígena e do Indigenismo, e até julho professora titular do Departamento de Antropologia da Universidade de Chicago. Leia a seguir trechos da entrevista que concedeu à Pesquisa FAPESP.

Como a senhora vê a participação política dos antropólogos?

Você começou falando comigo de Lévi-Strauss (ver reportagem na página 78), que muita gente acha que não se envolveu em questões políticas. Acho que há várias dimensões e modos dessa participação política, ela própria um objeto de estudo. Foi o que fez, por exemplo, nos anos 1960, Georges Balandier, antropólogo francês que se interessava particularmente pela descolonização da África. Outros fizeram interpretações explicitamente marxistas, ou melhor, inspiradas pelo marxismo, do material antropológico: é o caso de Gordelier, de Terray e vários outros da França. E pode-se finalmente, como Mauss e Lévi-Strauss fizeram, gerar efeitos políticos a partir de uma obra teórica. Isso para falar dos antropólogos franceses. No Brasil, o antropólogo se torna naturalmente solidário das pessoas, dos povos com os quais ele estuda e trabalha. É cada vez mais normal para antropólogos, da minha geração certamente, serem recrutados, inclusive, por essas populações para defenderem seus direitos. Hoje em dia, as novas gerações, quando chegam na situação de campo, além de terem que negociar muito mais os termos de sua aceitação do que as gerações anteriores, têm também de imediatamente oferecer uma contrapartida, que  frequentemente é de ordem educacional, ou de ordem política. E quase todos os antropólogos da minha geração e das gerações que estão vindo agora estão envolvidos diretamente nessas questões.

Como a senhora vê a questão ética da intervenção do antropólogo dentro das comunidades?
O primeiro princípio ético é certamente defender os direitos dessas pes soas. Isso é um princípio absoluto. Que isso tenha consequências, toda ação tem consequências. Mas não se pode pensar que o esforço teórico dos antropólogos seja uma consequência direta da sua atua ção política. Não é, são dois caminhos diferentes. Tanto a prática como a teoria têm efeitos políticos. Acabei de aludir aos efeitos políticos, por exemplo, do pensamento de Lévi-­Strauss. Ele foi, entre outras coisas, um ambientalista e um defensor dos direitos dos animais antes mesmo que esses movimentos sociais se constituíssem. Mas  querer entender a antropologia de um autor pela sua atuação política acho que é um erro.

Qual é a receita de unir bem a atuação política e o trabalho teórico?

© EDUARDO CESAR

"A história do Brasil é uma história de opressão de várias categorias de pessoas, uma delas, muito fortemente, é a dos índios"
Ou de desunir, né? (risos) Não sei se existe grande sabedoria nisso, mas acho que é o seguinte: o trabalho teó rico é um trabalho de reflexão e de recuo, que não se situa exatamente no mesmo plano. Agora, que um alimenta o outro, por exemplo, que o que aprendi com a prática política tenha influenciado profundamente meu modo de ver e tenha certamente gerado questões para a teoria, não há dúvida. Mas isso não significa que a teoria não tenha seu caminho próprio. No meu caso, a teo ria chegou antes. O que me levou para a antropologia foi Lévi-Strauss, foi o interesse pela antropologia dele, que por sua vez vinha pela minha formação matemática, que por sua vez era muito próxima, na sua concepção, do tipo de pensamento do Lévi-Strauss. Quer dizer, a matemática que estudei era uma matemática estrutural, ligada à teoria dos conjuntos. E era muito próxima do pensamento do Lévi-Strauss, que tinha uma afinidade com esse tipo de matemática. Foi essa afinidade que me levou para a antropologia. Depois de três anos como aluna do Lévi-Strauss, eu tendo tido um filho e meu marido tendo acabado a tese, nós voltamos para o Brasil e a primeira coisa que o Lévi-Strauss me disse: “Agora vá fazer campo”. Eu nunca tinha feito. Há um detalhe biográfico curioso: quando eu cheguei ao Brasil com 11 anos, nas primeiras férias de Natal, um amigo dos meus pais me convidou para ir para a casa dele, com a mulher e o filho, que moravam em Santa Catarina, no Vale do Itajaí. E ele me levou aos índios Xokleng. Eu tinha 11 anos e conhecer os índios Xokleng foi uma das primeiras experiências que tive no Brasil. Esse amigo chamava-se Alexandre Lenard, era um especialista em Bach, foi uma grande celebridade em um programa de auditório da época, que se chamava O céu é o limite. Só em 1978 é que realmente entrei nessa política, porque naquele ano houve aquela ameaça, de que eu falo em algum lugar, de um decreto de emancipação indígena, que na realidade era uma tentativa de emancipar as terras indígenas. E isso criou uma grande repulsa nos antropólogos, e não só antropólogos, mas também nos juristas e vários setores da sociedade. E a gente conseguiu se mobilizar, as pessoas estavam querendo um canal para se expressar talvez, mas houve uma mobilização extraor dinária em torno dessa questão, então, de repúdio à tentativa de emancipação compulsória dos índios, que, na realidade, era uma maneira de se apropriar das terras indígenas E seguiu-se a isso um grande movimento pela demarcação das terras indígenas – na época alguém uma vez escreveu que era até tocante ver aqueles pequenos adesivos que as pessoas punham nos carros “pela demarcação das terras indígenas”. Esse foi um momento muito marcante. Daí se seguiu a criação de várias comissões pró-índio e começamos a trabalhar em questões jurídicas, em questões históricas, mas sobretudo jurídicas, e ver o que estava acontecendo. E entre 1978 e 1988, que foi a Constituinte, tivemos 10 anos de amadurecimento das questões, através do estudo e da militância em vários pontos. Por exemplo, não sei se você se lembra que houve um tribunal Bertrand Russell, que era um tribunal de direitos humanos. E o Mário Ju runa – que era um Xavante que depois foi eleito deputado, mas já era famoso por causa do gravador – foi convidado a ir para o tribunal Russell e o governo brasileiro não lhe deu o visto para ir. E isso foi o estopim de uma discussão sobre que tipo de direitos tinham os índios. Ao serem tutelados pelo Estado, se o Estado tinha esse poder de, por exemplo, negar um visto, negar um direito de ir e vir etc. E esse caso foi apenas um exemplo de questões que eram essencialmente jurídicas e que foram muito estudadas nessa época. Havia juízes nessa época, por exemplo, que diziam que os índios, por serem tutelados, não podiam ingressar em juízo de forma autônoma e somente a Funai poderia ingressar em juízo por eles. Ora, se muitas vezes os conflitos eram entre os índios e a Funai, o que se ia fazer? Agora, isso dependia dos juízes. Havia juízes que aceitavam e juízes que não aceitavam. Quem estudou muito isso foi o professor Dalmo Dallari, que assessorou muitos desses casos. Então quando se chegou na época da Constituinte havia já um vasto cabedal, 10 anos de experiên cia. Então se chegou à Constituinte com uma série de percepções muito mais práticas do que antigamente do que se deveria fazer. Só para dar um exemplo dessa questão da personalidade jurídica: isso se resolveu sem que ninguém protestasse na Assembleia Constituinte, contrariamente a outros tópicos em que houve muita discussão. Como se resolveu isso? O artigo 232 da Constituição começa dizendo “Os índios, suas organizações” etc. etc. etc. O simples fato de nomear os índios e suas organizações os torna, ipso facto, personalidade jurídica. Tornam-se pessoas jurídicas pelo simples fato de serem sujeitos de uma frase, que é um daqueles milagres jurídicos. Quer dizer, a partir daí não existiam mais dúvidas sobre, por exemplo, isso, se os índios podiam ou não ingressar em juízo por conta própria.


Por que o Brasil incorpora tão mal seus índios? Qual é a sua visão disso?
Eu não conheço nenhum país que incorpore bem os seus indígenas. Talvez Fiji, mas é um péssimo exemplo, porque querem se ver livres dos outros. Claro que a história do Brasil é uma história de opressão de várias categorias de pessoas, uma delas, muito fortemente, é a dos índios – não a única, aliás –, desde que foram escravizados, foram obrigados a trabalhar através de várias ficções jurídicas. Então há uma longa história de apropriação de mão de obra e de apropriação de terras. E, depois, o novo avatar dessa mesma opressão é essa ideia de que eles têm que ser incorporados e que essa incorporação tem que se dar pela assimilação cultural. Essa coisa começou já com a Colônia, que se atribuía o dever de evangelizar os índios. E toda essa ideologia do desenvolvimento, sobretudo a partir dos anos 50 do século XX, é uma ideologia de assimilação, e não, como hoje em dia, um reconhecimento da importância das diferenças. Então acho que estamos num novo momento, sim. Acho que inclusive a Constituição de 1988 aponta para um novo momento, o que não impede que ainda haja muita gente retrógrada que acha que os índios são um obstáculo ao progresso, que os índios devem ser trazidos à comunhão nacional – o que, para os índios, tem significado, até agora, perderem suas terras e se tornarem uma espécie de subproletariado urbano na Amazônia. Então com o reconhecimento agora de cada vez mais terras indígenas, sua demarcação, acho que se inaugurou um novo momento. Há pessoas que questionam essa ideia de desenvolvimento, essa ideia de progresso. Então o que deve ser esse novo desenvolvimento? Quem deve beneficiar? Como deve ser medido? Pelo PIB? Pelo índice Gi ni que avalia a desigualdade? Por um índice que associe sustentabilidade e IDH? Essa é a nova questão, e não é uma questão só para os índios, é uma questão para as populações tradicionais em geral e é uma questão para a Amazônia, para o país como um todo. Quer dizer, que desenvolvimento é esse que se deve trazer? E aqui entro diretamente numa outra faceta disso, a questão da educação. A vontade e o valor da educação, hoje em dia, estão disseminadíssimos na população brasileira. Trabalho em vários lugares da Amazônia, uma das razões principais para as pessoas saírem dos seus sítios para irem para a cidade é dar educação a seus filhos. Quer dizer, a ideologia da educação entrou no Brasil e se espalhou de modo impressionante. Agora, que educação? O que eu tenho visto da educação que se está dando a essas populações é um descalabro. É um descalabro. É uma educação completamente dissociada do que elas conhecem, que deprecia os conhecimentos tradicionais – quer dizer, a criança chega na escola e considera-se que ela não sabe nada e que deve esquecer tudo o que sabe, tudo que trouxe de casa. E isso não é válido só para a criança, é válido para os professores também. Eu tenho contado uma experiência que me chamou muito a atenção, que foi no médio rio Negro, um professor de etnia tucana  dava aula em escola de uma sala só de uma pequena comunidade local. Esse professor era um excelente pescador, conhecia muito bem a mata, conhecia todas as técnicas necessárias para se viver naquela região mas se transformava quando entrava na sala de aula. Era um novo mundo, que não tinha nada a ver com o mundo que ele conhecia nem com aquele que os alunos conheciam. Só para dar um exemplo, perguntei uma vez para ele: “Você está achando alguma dificuldade aqui na sua escola?”, ele disse: “Ah, sim, por exemplo, em história natural”. “E por que essa dificuldade?” “Porque não estão me fornecendo cartolina para dar aula.” Quer dizer... Ele tinha uma jiboia em casa, aliás, esse professor tinha vários bichos em casa. A dissociação era tal entre o que se aprende na escola e o que se sabe de casa que ele só podia pensar em dar aula com a cartolina. Quer dizer, a relação entre aquela teoria e o mundo que eles conhecem não era feita. Então isso significa que há uma depreciação e uma perda do conhecimento tradicional muito grande, e não há uma aquisição de uma boa educação. Então você fica numa espécie de limbo entre dois mundos. E a educação é pensada, sobretudo nessa região da Amazônia, não como um fim, mas como um meio. É esse desenvolvimento que se quer?

A senhora acompanhou bem de perto a questão da reserva Raposa Serra do Sol e está fazendo exatamente um ano, agora, essa questão...
O governo Lula teve vários méritos nessa área indígena. Uma delas foi justamente ter homologado a área Raposa Serra do Sol e ter ido defender sua posição diante do Supremo. O ministro da Justiça também tem tido uma atuação muito positiva em reconhecer áreas indígenas, mas falta chegar até o fim, não há homologações recentes de áreas indígenas. Isso tudo é o lado positivo. Mas o problema no governo Lula é estrutural. No momento em que existe um programa de aceleração do crescimento, tal como foi definido, a partir do momento também em que é o setor das commodities e da agropecuária de exportação que está sendo o motor, digamos, o carro-chefe da política econômica brasileira, quando há conflito entre direitos indígenas e os projetos ligados, por exemplo, ao PAC, não há dúvida de que é o PAC que leva. Então o PAC segue um tipo de desenvolvimentismo que eu acharia que estava já superado.  A base de sustentação do governo é fundada em alianças, algumas das quais, digamos, surpreendentes. Então, só para dar um exemplo, está-se anunciando uma estrada que é um absurdo total, que é a BR 319, Manaus-Porto Velho, que atravessa o que minha amiga Bertha Becker chama “o coração da floresta”. É uma estrada que não tem nenhuma justificativa, nem logística nem econômica, e que causaria danos enormes, tanto ambientais quanto às populações. Por que se está falando nessa estrada? Por uma conveniência eleitoral, pura e simplesmente. Uma estrada que, veja só, é paralela a uma hidrovia. Não faz sentido nenhum. Paralela ao rio Madeira. E que traria ao Amazonas todos os problemas de Rondônia porque ligaria, por estrada, Rondônia com Manaus. Porque veja, só o anúncio de uma estrada é suficiente para que haja um fluxo de população, que imediatamente se instala ao lado da estrada que se espera. E depois se diz: “Bom, mas essa população agora precisa de uma estrada”. A própria expectativa cria consequências graves, ambientais e de direitos humanos.  Hoje está sendo divulgada uma carta aberta ao presidente da República, repudiando a construção da BR 319, assinada por uma série de pessoas, inclusive políticos, como o ex-governador Jorge Vianna, que nos reunimos na semana passada em Chicago, numa conferência sobre a Amazônia. Quer dizer, é uma unanimidade que essa estrada é um crime e, no entanto, está-se falando dessa estrada. E mesmo que ela não se realize, está provocando efeitos.

Vamos falar sobre os direitos da propriedade intelectual, um assunto que é importante para a senhora. 
Nos últimos 15 anos ou mais, tenho trabalhado muito sobre a questão de direitos intelectuais. Mais de 15 anos. Não necessariamente propriedade intelectual. A gente está já acostumado a dizer “direito de propriedade intelec tual” como se fosse uma coisa automática, que todos os direitos intelectuais fossem de propriedade. Essa é uma preo cupação ligada à questão de proteção dos direitos intelectuais das populações indígenas e das populações tradicionais em geral, ou seja, da proteção dos conhecimentos desse universo enorme que é o conhecimento tradicional. O conhecimento tradicional foi reconhecido pela primeira vez de uma forma muito contundente na convenção de diversidade biológica, que foi redigida e aberta para assinaturas no Rio de Janeiro em 1992. A partir daí essa questão só cresceu. O Brasil é um dos países megadiversos do mundo, como a Índia, a Malásia, a África do Sul, e tem tido uma política muito consistente de proteção do conhecimento tradicional e dos recursos genéticos dentro do território. Uma das bandeiras dessa defesa é a de pedir que passe e seja exigida a prova da origem legal do recurso genético e do conhecimento associado quando for pleiteada uma patente, e isso em qualquer lugar do mundo. Seria a exigência da legalidade da cadeia de origem desse invento. Cada invento ou cada novo cultivar, no caso da agricultura, tem que mostrar de onde veio. Então essa exigência de se dar a origem é estratégica para todos os países megadiversos, entre os quais o Brasil. Brasil, Colômbia, Peru etc. Esse mesmo reconhecimento do conhecimento tradicional e dos recursos genéticos encontra uma certa resistência quando se passa para dentro do Brasil. Ou seja, diante da comunidade internacional, o Brasil está reclamando isso, mas internamente os cientistas, sobretudo da área de ciências naturais, têm uma certa dificuldade em reconhecer o valor do conhecimento tradicional, o conhecimento das populações tradicionais. E há uma tendência a desmerecê-lo e há uma tendência em certos setores a achar que ele não traz nada, sob várias alegações. Como é uma entrevista da revista da FAPESP, vale a pena falar disso. A partir de certo momento, há uma bipartição da pesquisa em moléculas sintéticas por um lado e moléculas que derivam de produtos naturais. Ou seja, estão usando já a evolução natural. Com a evolução, com a importância da genética, evidentemente há uma tendência a se achar que os produtos sintéticos podem substituir os produtos naturais. Mas, então, vem um novo problema. O conhecimento tradicional conhece a atividade biológica de certos produtos naturais, então isso daria uma espécie de vantagem, uma espécie de pista inicial para os produtos naturais com conhecimento tradicional associado. Contra isso entra a tecnologia do chamado teste rápido das substâncias. Passa em altíssima velocidade para ser testado contra câncer, Aids, o que seja. Por causa dessa tecnologia de alta velocidade também se argumenta que já não se precisa da pista do conhecimento tradicional. Se isso é verdade ou não, ainda falta saber. Esse desprezo atual – atual em certos setores, apenas – pela contribuição do conhecimento tradicional acho que é muita miopia. Só para pegar um exemplo: vamos dizer que se está procurando um remédio contra câncer e os índios de certa etnia conhecem uma planta, eles não diagnosticam câncer, que tem uma atividade biológica, que é testada num laboratório de farmacologia. E vamos dizer que essa substância tenha atividade contra câncer. Eu ouvi farmacólogos dizerem que o conhecimento tradicional não trazia nada porque não era aplicado exatamente ao câncer. Só para dar um outro exemplo: os biólogos de conservação, durante muito tempo, achavam que o nível de sustentabilidade de um determinado animal dependia muito simplesmente do quanto ele se reproduzia e do quanto ele era caçado. Então, para que ele fosse sustentável, tinha que ser caçado menos que reproduzir de forma viável. Esse modelo, os seringueiros do Acre diziam que não tinha nada a ver, que não dependia disso a abundância de caça. Dependia se havia regiões em que não se caçasse, seriam os refúgios. Em havendo refúgio para caça, sempre vai haver abundância dessa presa. Muitos anos depois – e agora – o modelo mais aceito é justamente esse. É o modelo indígena. Que eles já tinham antes. Quer dizer, o modelo não é indígena, é o modelo seringueiro: abundância de caça depende exatamente da existência desses refúgios. Só para mostrar que, em várias áreas, existe um conhecimento extremamente importante. Bom, esse conhecimento tradicional tem seus próprios protocolos e procedimentos. Ele não é igual ao conhecimento que se faz nos últimos 300 anos, produzido através de certos protocolos, em laboratórios etc. Então há uma diferença, mas é uma diferença produtiva, entre os sistemas de conhecimento tradicional e os sistemas do conhecimento que temos na academia. Então é essa coexistência que acho muito importante se valorizar. E por isso estou tão irritada com a educação que se está dando a essa população. Está-se destruindo um cabedal de conhecimento, de aquisição de conhecimento, e de protocolos de inovação, porque há muita inovação, em nome do quê? De uma subeducação que não dá acesso à produção de conhecimentos. Só dá acesso a se repetir e a se frustrar, em parte.

Mas, apesar de tudo isso, a senhora ainda é otimista com relação ao Brasil?
Muito. Senão eu não estaria aqui. Se você me perguntar o que deve fazer o próximo presidente, acho que deve mudar as prioridades. É isso. Questões de direitos humanos não podem ser colocadas a reboque de outras considerações que se julguem mais importantes. Tem que levar em consideração questões de justiça.

A senhora acha que ainda há chance para as questões indígenas na Amazônia?
Acho que sim, acho que está mudando. Como eu falei, acho que desde 1988, desde a Constituinte, houve uma mudança qualitativa, que não atingiu a todos na mesma medida e que tem recaídas de vez em quando também, mas há uma consciência crítica a isso. Nos anos 1970, quem questionava o progresso, a ideia de progresso tal como era entendida na época? Hoje, progresso e desenvolvimento, sim, mas não de qualquer modo.

A senhora ainda consegue pensar em matemática?
Acho que o que sobrou é uma tendência a pensar de forma estrutural, que está na minha formação. Porque a matemática é uma ciência humana, não é? Aliás, o Vico fala de matemática como ciência humana. Porque é a ciência que é criada pelo homem, quer dizer, a matemática é inteiramente criada pelo homem, ela não existe na natureza, é uma criação da mente. E o que é? É uma espécie de ordenação do mundo. É uma espécie de organização que se coloca no mundo. E acho que isso está na antropologia também que tento fazer. É. Porque isso é o fundamento do estruturalismo. Conseguir conhecer essas ilhas de estrutura, como dizia o Lévi-Strauss, no caos geral. Quer dizer, o mundo não é estruturado, mas o pensamento é capaz de estruturar algumas coisas. E, ao estruturar, ter um certo tipo de apreensão, de comp reensão e de um domínio intelectual, de certa forma, sobre algumas esferas, que são poucas. E isso é o pensamento matemático: é uma certa forma de querer organizar o mundo.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Ótima fonte de pesquisa sobre Charles Darwin

John van Wyhe, acadêmico do Christ’s College da Universidade de Cambridge (sul da Inglaterra), é responsável por um projeto que permitirá acesso visual e auditivo às descobertas do cientista. Serão cerca de 50 mil páginas de texto e 40 mil imagens de publicações originais.

domingo, 8 de novembro de 2009

TV Senado exibe documentário sobre Lévi-Strauss até 13/11/2009

O documentário traz uma entrevista inédita com o antropólogo Levi-Strauss em Paris e depoimentos de Antonio Cândido, Jean Malaurie (editor de Tristes Tropiques), Manuela Carneiro, Eduardo Viveiros de Castro e outros. Tem ainda a participação especial de Caetano Veloso e da atriz Juliana Carneiro da Cunha.


sábado, 7 de novembro de 2009

TV Senado reprisa documentário sobre Lévi-Strauss

A TV Senado reprisa, neste sábado (7), às 23h30, e no domingo (8) às 10h, o documentário "Saudades do Brasil", produzido em 2005, e que faz uma reconstituição da experiência do antropólogo Claude Lévi-Strauss no país. O programa traz uma entrevista exclusiva com um dos maiores intelectuais do século 20, que morreu no último dia 30, em Paris, cerca de um mês antes de completar 101 anos.
Com pesquisa, roteiro e direção de Maria Maia, o documentário tem depoimentos de intelectuais como Antonio Cândido, Jean Malaurie (editor de Tristes Trópicos, uma das principais obras do antropólogo), Manuela Carneiro e Eduardo Viveiros de Castro, além da participação especial de Caetano Veloso e da atriz Juliana Carneiro da Cunha.
Belga de nascimento, mas de família francesa, Lévi-Strauss chegou ao Brasil em 1935, integrando o segundo grupo de professores europeus que vieram dar aulas na recém-criada Universidade de São Paulo (USP).Nessa época, o francês organizou, com o apoio do escritor Mario de Andrade, as famosas expedições às aldeias Bororo, Kadiwéu e Nambiquara. As experiências e registros dessas viagens foram relatados 15 anos depois, no livro Tristes Trópicos.
A equipe da TV Senado registrou a rotina do pensador, que alternava o trabalho diário em casa com duas ou três idas semanais ao minúsculo escritório no mezzanino da biblioteca da École des Hautes Etudes da capital francesa. Lá, ele trabalhava cercado de objetos que comprovavam suas saudades do Brasil: pequenas cerâmicas Kadiwéu, mapa da América do Sul na parede, uma coleção na estante com obras de Guido Boggiani, Mário de Andrade e Euclides da Cunha.
Além de reprisar o documentário, a TV Senado colocou a íntegra do programa na página na internet, disponibilizando "Saudades do Brasil" para cópia.
Assistir o documentário na internet.
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Para baixar o documentário:

http://www.senado.gov.br/tv

Clicar em "Vídeos".
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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Evento na UnB discute ética na Antropologia - DF

PROGRAMAÇÃO

12/11/2009
14 às 18 horas
Panorama da discussão sobre étnica em pesquisa na Antropologia
- Luís Roberto Cardoso de Oliveira (UnB)
- Cláudia Fonseca (UFRS)
- Ciméa Barbato Beviláqua (UFPR)
- Patrice Schuch (UnB)


13/11/2009
8:30 às 12 horas
Experiências concretas com a regulamentação externa à pesquisa em Antropologia e Sociologia
- Dora Porto (Conselho Federal de Medicina)
- Fernanda Bittencourt (Secretaria Especial de Políticas para Mulheres)
- Raquel Lima de Oliveira e Silva (UnB)
- Luciana Ouriques Ferreira (FUNASA)
- Soraya Fleischer (UnB)

14 às 18 horas
A perspectiva dos órgãos regulamentadores
- Maria Rita C. Garbo Novaes (Secretaria da Saúde/DF)
- Débora Diniz (UnB)
- Ximena Pamela C. D. Bermúdez (OPAS)

Contatos
Departamento de Antropologia da UnB
Campus Universitário Darcy Ribeiro - Asa Norte
Telefone: 3307-2368
e-mail: dan@unb.br


terça-feira, 3 de novembro de 2009

Morre aos 100 anos o antropólogo Lévi-Strauss

Do UOL Notícias*
Em São Paulo
 
O etnólogo e antropólogo estruturalista Claude Lévi-Strauss morreu na noite de sábado para domingo (1º) aos 100 anos, de acordo com um porta-voz da Escola de Estudos Avançados em Ciências Sociais de Paris, na França. As informações são do jornal francês "Le Monde".
 
Nascido em Bruxelas, na Bélgica, Lévi-Strauss foi um dos grandes pensadores do século 2
 
Francês morou no Brasil
Leia a cronologia
Obras do pensador
A biografia
 
Nascido em Bruxelas, na Bélgica, Lévi-Strauss foi um dos grandes pensadores do século 20. Ele, que completaria 101 anos no próximo dia 28, tornou-se conhecido na França, onde seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da antropologia. Filho de um artista e membro de uma família judia francesa intelectual, estudou na Universidade de Paris.
 
De início, cursou leis e filosofia, mas descobriu na etnologia sua verdadeira paixão. No Brasil, lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo, de 1935 a 1939, e fez várias expedições ao Brasil central. É o registro dessas viagens, publicado no livro "Tristes Trópicos" (1955) que lhe trará a fama. Nessa obra ele conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do Brasil.
 
Exilado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi professor nesse país nos anos 1950. Na França, continuou sua carreira acadêmica, fazendo parte do círculo intelectual de Jean Paul Sartre (1905-1980), e assumiu, em 1959, o departamento de Antropologia Social no College de France, onde ficou até se aposentar, em 1982.
 
O estudioso jamais aceitou a visão histórica da civilização ocidental como privilegiada e única. Sempre enfatizou que a mente selvagem é igual à civilizada. Sua crença de que as características humanas são as mesmas em toda parte surgiu nas incontáveis viagens que fez ao Brasil e nas visitas a tribos de indígenas das Américas do Sul e do Norte.
 
O antropólogo passou mais da metade de sua vida estudando o comportamento dos índios americanos. O método usado por ele para estudar a organização social dessas tribos chama-se estruturalismo. "Estruturalismo", diz Lévi-Strauss, "é a procura por harmonias inovadoras".
 
Suas pesquisas, iniciadas a partir de premissas linguísticas, deram à ciência contemporânea a teoria de como a mente humana trabalha. O indivíduo passa do estado natural ao cultural enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, produz objetos etc. Nessa passagem, o homem obedece a leis que ele não criou: elas pertencem a um mecanismo do cérebro. Escreveu, em "O Pensamento Selvagem", que a língua é uma razão que tem suas razões - e estas são desconhecidas pelo ser humano.
 
Lévi-Strauss não via o ser humano como um habitante privilegiado do universo, mas como uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando estiver extinta.
 
Membro da Academia de Ciências Francesa (1973), integrou também muitas academias científicas, em especial européias e norte-americanas. Também é doutor honoris causa das universidades de Bruxelas, Oxford, Chicago, Stirling, Upsala, Montréal, México, Québec, Zaïre, Visva Bharati, Yale, Harvard, Johns Hopkins e Columbia, entre outras.
 
Aos 97 anos, em 2005, recebeu o 17o Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha. Declarou na ocasião: "Fico emocionado porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente".
 
*Com informações do UOL Educação.
 
http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2009/11/03/ult1859u1791.jhtm
 

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Palestra de Marilyn Stratern - RJ

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social,
Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro convida para a

PALESTRA
Momentos Contemporâneos: um campo “moderno” ?

Marilyn Strathern | Girton College, Universidade de Cambridge

14 de outubro
| quarta-feira | 14h00

Onde se pode encontrar um “campo moderno” e como ele deve ser conceitualizado? Não é surpreendente que os antropólogos busquem esclarecimento nas suas próprias práticas e pressupostos. Mas nisso eles não estão muito longe de alguns de seus colegas. Instada recentemente por acadêmicos da Papua Nova Guiné a refletir se os conhecimentos “indígenas” teriam como destino ser engolidos pelos conhecimentos “europeus”, passei a imaginar o quê, afinal de contas, torna certas práticas e procedimentos “contemporâneos”. Tomando como exemplo o impacto dos direitos de propriedade intelectual concebidos globalmente sobre as concepções locais de cultura (algo que se deveria esperar) e sobre a posse da terra (o que não se deveria esperar), foi-me possível formular a noção de um momento contemporâneo.

Local: Auditório do Horto
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social / Museu Nacional / UFRJ
Quinta da Boa Vista, s/n - São Cristovão / Tel: 2568-9642

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Colóquio CEAO 50 anos - BA

(Clique na imagem para ampliá-la)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Observatório da Tríplice Fronteira

O Observatório da Tríplice Fronteira surge a partir do trabalho de um grupo de cientistas sociais da Argentina e do Brasil interessados em analisar dinâmicas sociais e culturais na região onde se encontram as fronteiras entre Argentina, Brasil e Paraguai. Desde uma perspectiva multidisciplinar, os pesquisadores que integram o Observatório (sociólogos, antropólogos, economistas e cientistas políticos) trabalham com métodos etnográficos e historiográficos que possibilitam conhecer a realidade da Tríplice Fronteira a partir de observações, convivência e diálogo com os habitantes das três cidades que convergem em seus territórios limítrofes. Os membros que compõem o Observatório pertencem à Universidade de Buenos Aires (UBA), Universidade de Rosario (UNR), Centro de Estudos e Investigações do Trabalho (CEIL-PIETTE/ CONICET, Argentina), Centro Latinoamericano de Economia Humana (CLAEH, Uruguay), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Site do Observatório: http://www.observatoriotf.com

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Oficina de Trabalho "Antropologia Feminista" - SP

Ministrante: Alinne de Lima Bonetti - Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas, Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina, Antropóloga do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Dia: 19/06/2009

Horário: 9h às 12:30h

Local: Sala 215, prédio 43211 (Instituto de Letras)


Programa:
1) Antropologia feminista: o que é esta antropologia adjetivada? Alinne de Lima Bonetti;
2)Apresentação das participantes e discussão;
3)Elaboração conjunta de um roteiro de estudos.


Pré-requisito: cada participante deverá trazer um breve escrito (de um parágrafo a uma folha) sobre seus temas de interesse ou projetos em desenvolvimento e expectativas em relação ao aprofundamento de estudos sobre antropologia feminista.

Texto disponível: http://www.cfemea.org.br/pdf/dossie_entre_pesquisar_militar.pdf
BONETTI, Alinne de Lima. Antropologia feminista: o que é esta antropologia adjetivada? In: BONETTI, A.; FLEISCHER, S. (orgs). Entre pesquisar e militar: contribuições e limites dos trânsitos entre pesquisa e militância feministas. Brasília, CFEMEA – Centro Feminista de Estudos e Acessórias, 2007.

Vagas Limitadas: 20 participantes – Evento com Certificado
Inscrições: miriamsteffen@gmail.com
Promoção: Núcleo de Antropologia e Cidadania (PPGAS/NACi)
Organização: Miriam Steffen Vieira e Alinne de Lima Bonetti

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Simpósio "Estudos antropológicos e processos de produção de diferença: etnicidade, raça, sexualidade, gênero, idade" - SP

2º. Simpósio Internacional Diálogos Brasil - Estados Unidos:
Universidade de São Paulo
Departamento de Antropologia
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social
NUMAS – Núcleo de Estudos dos Marcadores Sociais de Diferença

Data: 15 e 16 de Junho de 2009
Local : sala 18

Prédio de Ciências Sociais e Filosofia
FFLCH – USP – Campus Butantã

Programação:
Dia 15 de Junho de 2009

14h00- 18h00
Mesa 1 – Regulações e políticas: entrecruzando raça, gênero e sexualidade

Coordenação: Julio de Assis Simões

Abuso policial e a violência do redesenvolvimento urbano
Keisha-Khan Perry, Brown University

Direitos sexuais e secularismos em disputa no Brasil e no México
Rafael de la Dehesa, City University of New York

Gênero, raça e sexualidade no debate brasileiro sobre tráfico internacional de pessoas
Adriana Piscitelli, Unicamp

Debatedor: Luiz Fernando Duas Duarte, MN - UFRJ

18h30 – Conferência de Maria Lucia Montes (USP)
Coordenação da mesa: Lilia Moritz Schwarcz


16 de junho de 2009

9h00 -13h00
Mesa 2 - Problematizando identidades raciais

Coordenação: Laura Moutinho

Os quilombos e seus direitos hoje: entre a construção das identidades e a história
Jan Hoffman French, University of Richmond

Deus, narrativa e identidade racial na cena da música negra gospel de São Paulo
John Burdick, Syracuse University

Identidade Religiosa, Identidade Política? : o mapeamento dos terreiros em Salvador-BA
Jocélio Teles dos Santos, UFBA

Debatedor: Antonio Sergio Guimarães, USP

Almoço

14h00-18h00
Mesa 3 - Estéticas de gênero e raça

Coordenação: Heloisa Buarque de Almeida

Fantasias coloniais: sobre a estetização de corpos femininos negros em Cuba e no Brasil
Lourdes Martinez Echazabal, University of California, Santa Cruz.

A democratização da beleza? Cirurgia plástica, inclusão e cidadania cosmética
Alvaro Jarrin, Duke University

Beleza roubada: gênero, estética e corporalidade no teatro brasileiro.

Heloísa Pontes, Unicamp

Debatedora: Mirian Goldenberg (UFRJ)

18h00 – Encerramento
Criando encontros iguais: As novas gerações de brasilianistas

James Green, Brown University

mais informações: www.fflch.usp.br/da

I ENADIR - Encontro Nacional de Antropologia do Direito - SP

Data: 20.08.2009 - 21.08.2009
Local: Cidade Universitária, São Paulo
Categoria: Encontro

Descrição

Este evento contará com transmissão online.

Períodos

Horários

1º dia (20/08/09 - 5ªf)

2º dia (21/08/09 - 6ªf)

Manhã

09:00 - 09:30

Abertura (sala 8)

GTs (salas 10, 12, 100, 104, 105 e 106)

09:30 - 12:30

Mesa I (sala 8)

Almoço

12:30 - 14:30



Tarde

14:30 - 17:30

Mesa II (sala 8)

Mesa III (sala 8)

18:00 - 19:30


Mesa de encerramento (sala 8)

_

Mesas

Expositores(as)

Abertura

· Homenagem a Lygia Sigaud

I - Antropologia do Direito no Brasil: campo e perspectivas

· Coord: Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer (USP)

· Cláudia Lee W. Fonseca (UFRGS)

· Guita Grin Debert (UNICAMP)

· Luis Roberto C. Oliveira (UnB)

· Theophilos Rifiotis (UFSC)

II - Antropologia do Direito e Sistema de Justiça

· Coord: Ana Cláudia Marques (USP)

· Alba Zaluar (UERJ)

· Antonio Rafael Barbosa (UFF)

· Kátia Sento Sé Mello (UFRJ)

· Paula Miraglia (ILANUD)

III - Antropologia do Direito e Marcadores Sociais da Diferença

· Coord: Heloísa Buarque de Almeida (USP)

· Gabriel S. Feltran (UFSCar)

· Jane Felipe Beltrão (UFPA)

· Rita Laura Segato (UNB)

· Yvonne Maggie (UFRJ)

Encerramento

· Coord: Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer (USP)

· Balanço do Encontro, perspectivas e propostas de ação.

· Debates entre expositores e coordenadores de mesas/ GTs e demais participantes.

GTs

Coordenadores(as)

1. Antropologia e sistemas de justiça criminal e juvenil

Este GT, a partir de abordagens antropológicas, tem o objetivo de reunir reflexões sobre o sistema de justiça criminal e o sistema voltado para crianças e adolescentes em conflito com a lei. Sugerimos trabalhos que privilegiem discussões sobre violência policial, ritual judiciário, formas de institucionalização de conflitos, sistema prisional, aplicação de medidas sócio-educativas, entre outros.

Antonio Rafael Barbosa e Paula Miraglia

2. Antropologia e direitos civis

Este GT pretende reunir pesquisas que abordem, sob um prisma antropológico, conflitos cujas soluções são discutidas em várias esferas de justiça, oficial e não oficiais, mas que estão fora da justiça criminal, tais como conflitos familiares, demandas que envolvam relações de consumo, relações de trabalho, entre outras.

Cláudia L. Fonseca e Patrice Schuch

3. Antropologia, direitos sexuais e reprodutivos

Este GT está voltado para trabalhos antropológicos que explorem questões de gênero e sexualidade dentro do campo jurídico. Sugerimos a inscrição de propostas que analisem papéis sexuais em processos judiciais, direitos sexuais e reprodutivos, violência sexual, violência contra a mulher, entre outros.

Guita G. Debert e Lia Zanotta Machado

4. Antropologia, movimentos sociais e violência

Recomendamos a inscrição, neste GT, de trabalhos que analisem formas de organização e regulação de movimentos sociais, com ênfase em aspectos que os colocam ora na legalidade, ora na ilegalidade. Também serão bem vindos trabalhos antropológicos sobre a construção de identidades coletivas, representações de valores e suas dinâmicas internas de poder e de normatização.

Gabriel Feltran e Kátia Sento Sé Mello

5. Antropologia e direitos humanos

Este GT tratará das intersecções entre Direitos Humanos e Antropologia, incluindo tensões entre universalismo e relativismo cultural, percepções locais acerca de tratados internacionais, tanto do ponto de vista de Estados Nacionais quanto de outros agentes e agências, bem como embates entre significados culturais envolvidos em conceitos como o de dignidade da pessoa humana.

Luis R. C. de Oliveira e Theophilos Rifiotis

6. Antropologia e marcadores sociais da diferença

Esse GT tem como foco análises antropológicas sobre mecanismos sociais e jurídicos de produção de diferenças por meio de categorias como gênero, sexo, raça, etnia, classe e idade. Recomendamos a apresentação de trabalhos que abordem relações entre o Direito e essas categorias, tais como temáticas referentes à equidade, regulamentação jurídica de identidades, entre outras.

Heloísa Buarque de Almeida e Jane F. Beltrão

Promoção NADIR - Núcleo de Antropologia do Direito - USP

Apoios financeiros:

  • Pró-reitoria de Pesquisa - USP
  • Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária - USP

Arquivos para download:

Local: Prédio de Ciências Sociais
Endereço: Avenida Prof. Luciano Gualberto, 315
CEP: 05508-010
Bairro/Cidade: Cidade Universitária, São Paulo
Estado: São Paulo

quinta-feira, 28 de maio de 2009

ICBA promove filmes etnográficos - BA

Visitem o site do ICBA, cujo link está abaixo, e vejam o convite para assistir, no dia 26/06/2009, 20:00h, quatro filmes resultantes do seminário «Antropologia Visual: Entre Teoria e Prática», organizado, em parceria com o Goethe-Institut, pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFBA, sob direção do antropólogo alemão Peter Anton Zoettl. Quatro filmes, que, na sua tentativa de representar o “real” em imagens em movimento, procuram tanto explorar, como testar, os limites do gênero de cinema “etnográfico” ou “antropológico.

http://www.goethe.de/ins/br/sab/kue/pt4599555v.htm

quarta-feira, 13 de maio de 2009

II Reunião de Antropologia da Ciência e Tecnologia - MG

II ReACT | Inicial
.
Dedicada a estudos dos saberes e das práticas científicas e tecnológicas contemporâneas, pregressas e futuras, próprias ou alheias, mediante pesquisas etnograficamente informadas e em diálogo com diferentes tradições antropológicas, a Antropologia da Ciência e da Tecnologia é uma das especialidades da Antropologia que tem apresentado um dos crescimentos mais significativos nos últimos anos. Assim, uma primeira edição da Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (ReACT) ocorreu em setembro de 2007 no IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro. Realizada pelo GEACT, que a nomeou, a I ReACT contou com a presença de vários antropólogos brasileiros, além de historiadores e outros cientistas sociais atuantes no país. Com intenção de tornar as Reuniões de Antropologia da Ciência e da Tecnologia atividades bienais de caráter itinerante, estamos propondo esta II ReACT. Realizada na UFMG pelo LACS, pelo PPGAN e pela FAFICH, a II ReACT pretende ter um caráter eminentemente plural e manter um compromisso explícito com a heterogeneidade das abordagens em curso; pretende também, e simultaneamente, buscar pontos de passagem ou de conexão entre estas abordagens, explorando particularmente os que dizem respeito ao lugar das pesquisas etnográficas e ao lugar das teorias antropológicas na discussão do tema em torno do qual as ReACTs se articulam. Ancorados na experiência bem sucedida da antropologia brasileira e em sua vocação para absorver, reformular e transformar tendências teóricas provenientes de outras escolas, ao mesmo tempo em que cria as suas próprias, com a realização da II ReACT acreditamos ser possível contribuir para a refiguração dos estudos sociais da ciência e da tecnologia tal como vêm sendo desenvolvidos no Brasil e no exterior por profissionais oriundos de outras especialidades, bem como contribuir para o desenvolvimento da antropologia que no país se faz

Local: Auditório Sônia Viegas, FAFICH/UFMG, Belo Horizonte, Brasil
Site: http://www.fafich.ufmg.br/2react/paginas/inicial.html

sábado, 2 de maio de 2009

Simpósio Internacional "Encuentros etnográficos con niñ@s y adolescentes en contextos educativos"

Buenos Aires – Argentina

5 y 6 de noviembre de 2009

Centro de Antropología Social - Instituto de Desarrollo Económico y Social

Aráoz 2838 – Ciudad de Buenos Aires

Plazo para la presentación de resúmenes: 31 de mayo de 2009.

Enviar a encuentrosetnograficos@gmail.com

Plazo para la comunicación de aceptación de resúmenes: 15 de julio de 2009.

Plazo para la presentación de trabajos completos: 30 de septiembre de 2009.

Aranceles Expositores argentinos $ 100

Expositores de países limítrofes y de América Latina USD $ 30

Expositores del resto del mundo USD $ 100

Estos aranceles incluyen la participación en todas las actividades que se desarrollarán durante los dos días, refrigerios a media mañana y media tarde y materiales de trabajo.

Contaremos también con algunas facilidades para el alojamiento de los colegas participantes.

sábado, 25 de abril de 2009

Mobilização contra a violação dos direitos humanos dos índigenas

À comunidade brasileira e internacional,

Os povos indígenas do Brasil vêm sofrendo uma campanha de difamação internacional em diversos sites da internet por parte de entidades religiosas que atuam no país, que os acusam de praticar com regularidade atos cruéis contra suas crianças. Reclamações freqüentes das comunidades chegam até funcionários da Fundação Nacional do Índio sobre o desvio de crianças indígenas das aldeias e hospitais, ao nascer ou quando são levadas para receber tratamento médico, para serem supostamente salvas e abrigadas em lares adotivos ou em instituições administradas por essas entidades, que passam, então, a solicitar doações para seu sustento através do site http://apadrinhamento.atini.org/. <http://apadrinhamento.atini.org/.> Como contrapartida da soma recebida, a entidade oferece uma carta com fotografia e o histórico do "afilhado", transgredindo desta forma as garantias de inviolabilidade moral e preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças proporcionadas às crianças brasileiras pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A freqüência das queixas de familiares de crianças indígenas retiradas do convívio dos pais e a presença em escolas do Distrito Federal de crianças indígenas de diversas origens que não falam português sugerem que são numerosas em todo o Brasil as adoções não devidamente justificadas ou legalizadas de crianças indígenas. Como parte dessa campanha difamatória, veicularam na página do YouTube http://www.youtube.com/ <http://www.youtube.com/> watch?v=st48Tdd9Sz4 o filme Children buried alive in the Amazon – HAKANI, que mostra o suposto enterramento de uma criança viva sem tornar explícito nesse site que se trata de atores indígenas remunerados para a encenação. A página web já foi acessada por centenas de milhares de espectadores e é duramente criticada por organizações de defesa dos Direitos Humanos, como Survival International, na sua página http://www.survival-international.org/informa <http://www.survival-international.org/informa>ção/hakani. Tudo isso parece responder a um objetivo: passar uma lei no Congresso brasileiro que, invocando o propósito de "salvar as crianças", facilitará a intrusão no meio e no modo de vida indígena e a intervenção na intimidade do cotidiano das aldeias. A Lei, se aprovada, permitirá a vigilância direta e o acesso indiscriminado de pessoas estranhas em localidades até hoje bem preservadas do contato com os não índios, e abrirá caminho para a ação de destruição dos mais diversos aspectos da vida própria destes povos, incluindo seu reconhecido serviço de proteger o meio ambiente para o benefício de toda a Humanidade.
Por isso pedimos a todos aqueles que prezam o valor de um mundo plural, capaz de abrigar e proteger as mais diversas modalidades de existência, que adiram à petição protocolada na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados do Brasil por uma comitiva de lideranças indígenas no dia 17 de abril. O documento entregue aos parlamentares pode ser lido
na página da PETITION ONLINE:
http://www.petitiononline.com/mod_perl/petition-sign.cgi?14GATOS
<http://www.petitiononline.com/mod_perl/petition-sign.cgi?14GATOS>

RITA LAURA SEGATO (Depto. de Antropologia, Universidade de Brasília e
AGENDE – Ações em GÊnero)
CLAUDIA FRANCO (Instituto Etno-Ambiental e Multicultural Aldeia Verde/
IEMAV)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Museu de Arqueologia e Etnologia(UFBA) expõe Homens Pássaros - BA

A exposição temporária Homens Pássaros, aberta na segunda, 6, pode ser vista no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA (MAE) até 23 de maio. A exposição faz uma releitura artística e etnográfica sobre homens-pássaros através de sua reconstituição por homens contemporâneos ornados com penas de pássaros, que aparentam ressuscitar os indígenas que encarnavam aves. Em suas cerimônias religiosas, os índios usam diademas e vestem ponchos de plumas para encarnar homens-pássaros que podem voar e aproximar-se dos deuses e do sol, livres para flutuar no ar e chegar ao mundo dos espíritos. Os homens-pássaros contemporâneos reinterpretam e revitalizam esses adornos de plumas e, como por magia dos povos indígenas, parecem de novo vestir essas roupas coloridas e mágicas. Para River Dillon, representar um homem como um pássaro é, também, figurar a dimensão aérea, sonhadora, a alma idealista do ser humano que sonha a liberdade das araras e dos beija-flores da floresta amazônica. Expor esses homens-pássaros num museu de cultura indígena sul-americana é confrontar esses retratos com os objetos de plumas que os tem inspirado, mas também reunir esses sonhos fotográficos modernos com os mitos indígenas dos homens-pássaros e devolvê-los ao seu verdadeiro contexto: a civilização indígena e os objetos de arte de plumas de pássaros da Amazônia. Informações: (71) 3283-5531 e 3283-5534 (fax).

quinta-feira, 19 de março de 2009

Seminários Departamento de Antropologia (UnB) - DF

Horário: 16:00 horas
Local: Sala de Reuniões do DAN/UnB


Março
25 – Heitor Frúgoli Junior (USP): “Distanciamentos e aproximações entre sociabilidade e socialidade”

Abril
01 – Guilherme José da Silva e Sá (DAN/UnB): “A etnologia das ciências e a antropologia dos coletivos: Reflexões a partir de pesquisa etnográfica com humanos e não humanos”

15 – Myriam Jimeno (Universidad Nacional de Colômbia): “Indigenismo na Colômbia”

29 – Líliam Cristina da Silva Barros (UFPA): “Mito e Música no clã Guahari Diputiro Porã, Alto Rio Papuri, Am.”

Maio
06 – Claudia Briones (Universidad de Buenos Aires-Argentina): “Enraizarse em La Mapu: Poética y política de la recuperación de tierras en Patagonia (Argentina)”

20 – Bartolomeu Tito Figueiroa de Medeiros (UFPE): “Quando o Campo é o Quilombo: Quilombos e Políticas de Patrimonialização”

Junho
17 – Matthew Gutmann (Centro de Estudios Latinoamericanos y del caribe-Brown University-USA): “Desertar Irak: Masculinidades disidentes”

24 – Carlos Emanuel Sautchuk (DAN/UnB): “Antropologia da ciência e da técnica no Brasil”

Inscrições
Período: 20 a 24/03/2009
Local: Departamento de Antropologia
ICC Centro - B1 347

Observação: Para emissão dos Certificados é necessário a frequência em cinco dos seminários acima. Para o participante que não desejar certificado não é necessário inscrição.

quarta-feira, 4 de março de 2009

I Festival do Filme Etnográfico do Recife - PE

O Festival

O 1º Festival do Filme Etnográfico do Recife tem por objetivo premiar produções cinematográficas/videográficas, produzidas a partir de 2006, que apresentem qualidade técnica reconhecida na área. Poderão ser inscritas produções nacionais e internacionais de documentários, vídeos experimentais e de animação que abordem questões socioculturais contemporâneas sobre pessoas, grupos sociais, processos históricos abordando temas de interesse antropológico.

Eventos Paralelos

  • III Jornada de Antropologia Visual
  • Homenagem a Simião Martiniano
  • E outras atividades a serem comunicadas em breve

Regulamento

1.1. Os filmes a serem incluídos no Festival serão selecionados por uma comissão composta por profissionais reconhecidos internacionalmente no campo da antropologia visual. A comissão de seleção tem o direito incontestável de incluir ou excluir qualquer obra inscrita.

1.2. Para participar da seleção é necessário mandar uma cópia do filme em DVD para o seguinte endereço:

Festival do Filme Etnográfico do Recife
Caixa Postal 500
53370-970 OLINDA-PE

1.3. As cópias para a mostra competitiva serão aceitas até 30 abril de 2009. Recomendamos conferir o bom funcionamento do DVD, pois o DVD que apresentar problemas técnicos será automaticamente eliminado do processo de seleção.

1.4. Os filmes realizados em uma língua diferente do português, deverão estar legendados ou acompanhados por um formato digital de tradução dos diálogos, títulos, e textos escritos ou falados inseridos no mesmo.

1.5. Os filmes devem estar acompanhados do seu formulário de inscrição devidamente preenchido. O formulário pode ser acessado no seguinte endereço eletrônico http://www.ufpe.br/recife-etnodoc ou solicitados à Secretaria do Festival: recife-etnodoc@ufpe.br.
Inscritos deverão também enviar: 2 fotos retiradas do filme 1 foto do diretor (ou equipe) (todas as fotos devem estar no formato TIFF ou JPG, com comprimento não menor que 13 cm). A inscrição é gratuita.

1.6. Os diretores dos trabalhos selecionados para inclusão no Festival serão convidados para participar do mesmo pelos organizadores do evento, sendo que os custos não serão de responsabilidade da organização do festival.

2. Comissão Julgadora e Premiação

2.1. A Comissão Julgadora será composta por profissionais do meio do audiovisual e da cultura e serão anunciados com antecedência. Nenhum membro desta comissão poderá participar da mostra competitiva. Nenhum membro da Comissão Organizadora fará parte da Comissão Julgadora ou participará da mostra competitiva. A decisão da Comissão Julgadora é inapelável.

2.2. A Comissão Julgadora designará os seguintes prêmios:

  1. Melhor Filme Etnográfico
  2. Melhor Documentário

2.3. A Comissão Organizadora do I FFER se reserva o direito de sugerir recomendações especiais em concordância com as avaliações da Comissão Julgadora.

3. Cláusulas Adicionais

3.1. As cópias de vídeo ou DVD enviadas para seleção serão guardadas, sem taxa adicional, nos arquivos da FFER para fins institucionais e não comerciais.

3.2. Com a prévia autorização daqueles que possuem os Direitos de Propriedade, os filmes documentários contidos no programa oficial do Festival poderão ser inseridos na internet pelo website do I FFER.

3.3. O candidato saberá se seu filme foi selecionado para a mostra competitiva do I FFER até o dia 15 de maio de 2009. Se nenhuma notificação for recebida até esta data, o inscrito deverá considerar que seu filme não foi selecionado.

3.4. O ato de envio do formulário de inscrição implica na aceitação completa do regulamento acima, incluindo o uso de informações pessoais contidas no formulário de inscrição para uso não comercial.


Mais informações:

http://www.ufpe.br/recife-etnodoc/interna.php?id=ofestival

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Reunión de Antropología del Mercosur

La Reunión de Antropología del MERCOSUR informa que hasta el 30 de marzo se recibirán los resúmenes para los Grupos de Trabajo de su VIII edición a realizarse en Buenos Aires del 29 de septiembre al 02 de octubre del 2009.Los resúmenes deberán ser enviados por correo electrónico a los coordinadores del GT correspondiente, con copia a: http://br.mc315.mail.yahoo.com/mc/compose?to=gt_ram2009@unsam.edu.ar
Vea en nuestro site los GTs referentes a las temáticas de género, sexualidad y derechos.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

II Encontro Equatorial de Antropologia (REA) e XI Reunião de Antropólogos Norte e Nordeste - RN

O II Encontro Equatorial de Antropologia (REA) e a XI Reunião de Antropólogos Norte e Nordeste serão na UFRN, em Natal, de 19 a 22 de Agosto de 2009.
Peço divulgação ampla em sua instituição.

O recebimento de propostas de GTs, Mesas e Fóruns foi prorrogado até dia 12 de Janeiro de 2009.
Veja detalhes no edital, no link:
http://www.cchla.ufrn.br/REA2009/REA.html