Com novo prefácio, e acrescido de mais um capítulo, é
reeditado pela Editora Unesp Antropologia das
sociedades contemporâneas: métodos. Por se encontrar
esgotado há muito tempo, o livro volta às livrarias após
23 anos da sua primeira edição, já que os textos,
organizados por Bela Feldman-Bianco, continuaram sendo um
eficiente recurso de consulta, reunindo importantes
estudos que mesmo com o passar dos anos mantinham-se
atuais em suas discussões e temáticas.
O objetivo do livro é pensar a reformulação de uma
antropologia voltada para as tradicionais sociedades
primitivas para olhar e entender as rápidas mudanças
provocadas pela industrialização e urbanização, questão
essa abordada principalmente na primeira parte do livro,
no artigo de S.F. Nobel. Na segunda parte, encontram-se
textos acerca dos 'quase grupos', redes sociais, amizades
e coalisões. Por fim, o livro dedica-se aos processos
sociais e à História por meio de autores como Max
Gluckman, cujo texto essencial aos estudos dessa área é
tido como "fundador de um estilo de fazer antropologia,
desenvolvido na 'Escola de Manchester' que privilegia a
observação, descrição e análise de situações sociais
concretas", como afirma Peter Fry.
Esta antologia inclui estudos de etnógrafos em sua
maioria ingleses, cujas pesquisas de campo foram
realizadas na África, Ásia e Europa durante um período
que caracteriza uma mudança de direção nos estudos
antropológicos. O foco deixa de ser as sociedades
particulares, para se priorizar o estudo minucioso e
cuidadoso das sociedades contemporâneas. Incluindo
processos de mudanças sociais e as problemáticas
inseridas nesse novo contexto.
Sobre a organizadora - Bela Feldman-Bianco possui
PHD em Antropologia pela Columbia University, com pós-
doutorado em História por Yale, leciona na Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) onde também dirige o
Centro de Estudos de Migrações Internacionais (CEMI). Tem
extensa experiência de pesquisa de campo e documental no
Brasil, Estados Unidos e Portugal sobre questões
relacionadas a cultura e poder, com ênfase nas relações
entre nação, raça e diásporas em perspectiva comparativa.
Título: Antropologia das sociedades
contemporâneas - Métodos
Organizadora: Bela Feldman-Bianco
Páginas: 524
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 65,00
ISBN: 978-85-7139-936-5
Data de publicação: 2010
Os livros da Fundação Editora da Unesp podem ser
adquiridos pelo telefone (11) 3107-2623 ou pelos sites:
www.editoraunesp.com.br ou www.livrariaunesp.com.br
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Você sabe o que é Antropologia?
Antropologia (cuja origem etimológica deriva do grego άνθρωπος anthropos, (homem / pessoa) e λόγος (logos - razão / pensamento) é a ciência preocupada com o fator humano e suas relações. A divisão clássica da Antropologia distingue a Antropologia Social da Antropologia Física. Cada uma destas, em sua construção abrigou diversas correntes de pensamento.
Pode-se afirmar que há poucas décadas a antropologia conquistou seu lugar entre as ciências. Primeiramente, foi considerada como a história natural e física do homem e do seu processo evolutivo, no espaço e no tempo. Se por um lado essa concepção vinha satisfazer o significado literal da palavra, por outro restringia o seu campo de estudo às características do homem físico. Essa postura marcou e limitou os estudos antropológicos por largo tempo, privilegiando a antropometria, ciência que trata das mensurações do homem fóssil e do homem vivo.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia
Algumas informações básicas sobre os principais paradigmas e escolas de pensamento antropológico:
Formação de uma literatura “etnográfica” sobre a diversidade cultural
Período: Séculos XVI-XIX
Características: Relatos de viagens (Cartas, Diários, Relatórios etc.) feitos por missionários, viajantes, comerciantes, exploradores, militares, administradores coloniais etc.
Temas e Conceitos: Descrições das terras (Fauna, Flora, Topografia) e dos povos “descobertos” (Hábitos e Crenças).Primeiros relatos sobre a AlteridadeAlguns Representantes e obras de referênciaPero Vaz Caminha (“Carta do Descobrimento do Brasil” - séc. XVI). Hans Staden (“Duas Viagens ao Brasil” - séc. XVI). Jean de Léry (“Viagem a Terra do Brasil” - séc. XVI). Jean Baptiste Debret (“Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” - séc. XIX).
Escola/Paradigma: Evolucionismo Social
Período: Século XIX
Características: Sistematização do conhecimento acumulado sobre os “povos primitivos”.
Predomínio do trabalho de gabinete
Temas e Conceitos: Unidade psíquica do homem.Evolução das sociedades das mais “primitivas” para as mais “civilizadas”.Busca das origens (Perspectiva diacrônica)Estudos de Parentesco /Religião /Organização Social.Substituição conceito de raça pelo de cultura.
Alguns Representantes e obras de referência: Maine (“Ancient Law” - 1861). Herbert Spencer (“Princípios de Biologia” - 1864). E. Tylor (“A Cultura Primitiva” - 1871). L. Morgan (“A Sociedade Antiga” - 1877). James Frazer (“O Ramo de Ouro” - 1890).
Escola/Paradigma: Escola Sociológica Francesa
Período: Século XIX
Características: Definição dos fenômenos sociais como objetos de investigação socio-antropológica. Definição das regras do método sociológico.
Temas e Conceitos: Representações coletivas.Solidariedade orgânica e mecânica. Formas primitivas de classificação (totemismo) e teoria do conhecimento. Busca pelo Fato Social Total (biológico + psicológico + sociológico). A troca e a reciprocidade como fundamento da vida social (dar, receber, retribuir).
Alguns Representantes e obras de referência: Émile Durkheim:“Regras do método sociológico”- 1895; “Algumas formas primitivas de classificação” - c/ Marcel Mauss - 1901; “As formas elementares da vida religiosa” - 1912. Marcel Mauss:“Esboço de uma teoria geral da magia” - c/ Henri Hubert - 1902-1903; “Ensaio sobre a dádiva” - 1923-1924; “Uma categoria do espírito humano: a noção de pessoa, a noção de eu”- 1938).
Escola/Paradigma: Funcionalismo
Período: Século XX - anos 20
Características: Modelo de etnografia clássica (Monografia).
Ênfase no trabalho de campo (Observação participante). Sistematização do conhecimento acumulado sobre uma cultura.
Temas e Conceitos: Cultura como totalidade.Interesse pelas Instituições e suas Funções para a manutenção da totalidade cultural.Ênfase na Sincronia x Diacronia.
Alguns Representantes e obras de referência: Bronislaw Malinowski (“Argonautas do Pacífico Ocidental” -1922). Radcliffe Brown (“Estrutura e função na sociedade primitiva” - 1952-; e “Sistemas Políticos Africanos de Parentesco e Casamento”, org. c/ Daryll Forde - 1950). Evans-Pritchard (“Bruxaria, oráculos e magia entre os Azande” - 1937; “Os Nuer” - 1940). Raymond Firth (“Nós, os Tikopia” - 1936; “Elementos de organização social - 1951). Max Glukman (“Ordem e rebelião na África tribal”- 1963). Victor Turner (“Ruptura e continuidade em uma sociedade africana”-1957; “O processo ritual”- 1969). Edmund Leach - (“Sistemas políticos da Alta Birmânia” - 1954).
Escola/Paradigma: Culturalismo Norte-Americano
Período: Séc. XX - anos 30
Características: Método comparativo. Busca de leis no desenvolvimento das culturas. Relação entre cultura e personalidade.
Temas e Conceitos: Ênfase na construção e identificação de padrões culturais (“Patterns of culture”) ou estilos de cultura (“ethos”).
Alguns Representantes e obras de referência: Franz Boas (“Os objetivos da etnologia” - 1888; “Raça, Língua e Cultura” - 1940). Margaret Mead (“Sexo e temperamento em três sociedades primitivas” - 1935). Ruth Benedict (“Padrões de cultura” - 1934; “O Crisântemo e a espada” - 1946).
Escola/Paradigma: Estruturalismo
Período: Século XX - anos 40
Características: Busca das regras estruturantes das culturas presentes na mente humana. Teoria do parentesco/Lógica do mito/Classificação primitiva. Distinção Natureza x Cultura.
Temas e Conceitos: Princípios de organização da mente humana: pares de oposição e códigos binários.Reciprocidade
Alguns Representantes e obras de referência: Claude Lévi-Strauss:“As estruturas elementares do parentesco” - 1949. “Tristes Trópicos”- 1955. “Pensamento selvagem” - 1962. “Antropologia estrutural” - 1958 “Antropologia estrutural dois” - 1973 “O cru e o cozido” - 1964 “O homem nu” - 1971
Escola/Paradigma: Antropologia Interpretativa
Período: Século XX - anos 60
Características: Cultura como hierarquia de significados Busca da “descrição densa”. Interpretação x Leis. Inspiração Hermenêutica.
Temas e Conceitos: Interpretação antropológica: Leitura da leitura que os “nativos” fazem de sua própria cultura.Alguns Representantes e obras de referência: Clifford Geertz: “A interpretação das culturas” - 1973. “Saber local” - 1983.
Escola/Paradigma: Antropologia Pós-Moderna ou Crítica
Período e obra: Século XX - nos 80
Características: Preocupação com os recursos retóricos presentes no modelo textual das etnografias clássicas e contemporâneas. Politização da relação observador-observado na pesquisa antropológica. Critica dos paradigmas teóricos e da “autoridade etnográfica” do antropólogo.
Temas e Conceitos: Cultura como processo polissêmico. Etnografia como representação polifônica da polissemia cultural. Antropologia como experimentação/arte da crítica cultural.
Alguns Representantes e obras de referência: James Clifford e Georges Marcus (“Writing culture - The poetics and politics of ethnography” - 1986). George Marcus e Michel Fischer (“Anthropoly as cultural critique” - 1986). Richard Price (“First time” - 1983). Michel Taussig (“Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem”- 1987). James Clifford (“The predicament of culture” - 1988).
Fonte: http://nant-iscsp.blogspot.com/2005_05_01_archive.html
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Antropologia repensada para estudar as sociedades contemporâneas
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Pós-Graduação em Antropologia Social da UnB seleciona recém-doutores - DF
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Lançamento do documentário "Mapuches, un pueblo contra el Estado" - BA
Após a exibição do filme haverá uma conversa sobre movimentos sociais na América Latina, em particular sobre o que vem ocorrendo com os mapuche, no Chile.
Contaremos com a presença do diretor, Carlos Pronzato, do fotógrafo Rogerio Ferrari e do jornalista e escritor mexicano Alejandro Reyes.
QUANDO: quinta-feira, dia 7/10, às 19h00
ONDE: Sala Walter da Silveira
Rua General Labatut, 27 - Barris (prédio da Biblioteca Pública Estadual). Tel: (71) 3328-8100
Entrada franca
Carlos Pronzato é argentino radicado na Bahia. Diretor teatral, poeta, cineasta/documentarista e ativista social, Carlos Pronzato tem se dedicado a retratar nos seus mais recentes filmes os atuais conflitos sócio-políticos latino-americanos, além de se debruçar sobre aspectos históricos fundamentais do continente (“Carabina M2, uma arma americana, Che na Bolívia”; “Buscando a Salvador Allende”; “Madres de Plaza de Mayo, memória, verdade, justiça”, etc). Seu mais recente documentário é sobre o povo/nação mapuche: “Mapuches, um povo contra o Estado” premiado na XXXVII Jornada Internacional de Cinema da Bahia. http://www.lamestizaaudiovisual.blogspot.com/
Rogerio Ferrari é fotógrafo e vem já há alguns anos trabalhando numa série de ensaios fotográficos que abordam questões relacionadas ao seu projeto "Existências / Resistências". O projeto evidencia, através das imagens, publicação de livros, debates e exposições fotográficas, o lado desconhecido de conhecidos conflitos: Palestinos sob ocupação israelense; Curdos, na Turquia; Zapatistas no México; Movimento dos Sem-Terra no Brasil; refugiados palestinos no Líbano e na Jordânia; refugiados Saarauis no deserto do Saara e nos territórios ocupados pelo Marrocos; Mapuches no Chile, e os ciganos na Bahia.
É autor dos livros Palestina - a eloquência do sangue; Zapatistas, a velocidade do sonho; Curdos, uma nação esquecida. http://rogerioferrari.wordpress.com/
Alejandro Reyes nasceu na cidade do México, é jornalista e escritor. Depois de viver alguns anos nos Estados Unidos e na França, mudou-se para o Brasil, onde fez trabalho social com crianças e adolescentes de rua. É mestre em Estudos Latino-Americanos pela Universidade da Califórnia e doutorando em Literatura Latino-Americana, cuja tese incide sobre a literatura marginal. Está no Brasil para o lançamento de seu livro A rainha do cine Roma. Reside atualmente em Chiapas e colabora com www.radiozapatista.org
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Seminário e bate papo com o etnólogo e escritor Jean-Yves Loude - BA
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Faleceu o antropólogo Vivaldo da Costa Lima - BA
A primeira vez que ouvi falar sobre antropologia ouvi, aos 7 anos de idade, da boca do próprio professor Vivaldo da Costa Lima, simbolo da antropologia brasileira, que foi "bater um pouco" com os alunos do antigo primário de uma escola pública, situada no bairro do Maciel - Pelourinho, que leveva o nome deste grande mestre. Eu, ousadamente, já era aluno do 2º e estava entre os mais curiosos e lhe fiz, na época, várias perguntas... A antropologia me mordeu ali, e desatento, não entendi que esta disciplina em algum tempo minha maior linha de ação profissional. Perdi muito tempo. Em 1990, fui aluno do professor Vivaldo no curso de Ciências Socias, na UFBA, ali, tive contato com sua arrogância , e na mesma proporção, com sua maestria e generosidade intelectual.
Marlon Marcos - um poeta em busca da poesia da antropologia.
Só sei do Mar que habita em mim.
http:// www.memoriasdomar.blogspot.com
quarta-feira, 12 de maio de 2010
POSAFRO/UFBA promove "Seminário sobre o Museu Digital da Memória Afro-Brasileira" - BA
Livio Sansone
Programa de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (POSAFRO)
Centro de Estudos Afro-Orientais
Universidade Federal da Bahia
Largo Dois de Julho, Centro
40025-010 Salvador - Bahia - Brasil
tel.55-71- 33226813 cel. 55-71-87970122
sansone@ufba.br e liviosansone@yahoo.com
www.arquivoafro.ufba.br, www.fabricadeideias.ufba.br
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Nota da Comissão de Assuntos Indígenas sobre matéria da Veja
Afirmações como a de que laudos e perícias seriam encomendados pela FUNAI a antropólogos das ONG's e pagos em função do número de indígenas e terras "identificadas" (!) são obviamente falsas e irresponsáveis. As perícias são contratações realizadas pelos juízes visando subsidiar técnica e cientificamente os casos em exame, como quaisquer outras perícias usuais em procedimentos legais. Para isto o juiz seleciona currículos e se apóia na experiência da PGR e em consultas a ABA para a indicação de profissionais habilitados. Quando a FUNAI seleciona antropólogos para trabalhos antropológicos o faz seguindo os procedimentos e cautelas da administração pública.
Os profissionais que realizam tais tarefas foram todos formados e treinados nas universidades e programas de pós-graduação existentes no país, como parte integrante do sistema brasileiro de ciência e tecnologia. A imagem que a reportagem tenta criar da política indigenista como uma verdadeira terra de ninguém, ao sabor do arbítrio e das negociatas, é um absurdo completo e tem apenas por finalidade deslegitimar o direito de coletividades anteriormente subalternizadas e marginalizadas.
Não há qualquer esforço em ser analítico, em ouvir os argumentos dos que ali foram violentamente criticados e ridicularizados. A maneira insultuosa com que são referidas diversas lideranças indígenas e quilombolas, bem como truncadas as suas declarações, também surpreende e causa revolta. Sub-títulos como "os novos canibais", "macumbeiros de cocar", "teatrinho na praia", "made in Paraguai", "os carambolas", explicitam o desprezo e o preconceito com que foram tratadas tais pessoas. Enquanto nas criticas aos antropólogos raramente são mencionados nomes (possivelmente para não gerar demandas por direito de resposta), para os indígenas o tratamento ultrajante é na maioria das vezes individualizado e a pessoa agredida abertamente identificada. Algumas vezes até isto vem acompanhado de foto.
A linguagem utilizada é unicamente acusatória, servindo-se extensamente da chacota, da difamação e do desrespeito. As diversas situações abordadas foram tratadas com extrema superficialidade, as descrições de fatos assim como a colocação de adjetivos ocorreram sempre de modo totalmente genérico e descontextualizado, sem qualquer indicação de fontes. Um dos antropólogos citado como supostamente endossando o ponto de vista dos autores da reportagem afirmou taxativamente que não concorda e jamais disse o que a revista lhe atribuiu, considerando a matéria "repugnante". O outro, que foi presidente da FUNAI por 4 anos, critica duramente a matéria e destaca igualmente que a citação dele feita corresponde a "uma frase impronunciada" e de "sentido desvirtuante" de sua própria visão.
A agressão sofrida pelos antropólogos não é de maneira alguma nova nem os personagens envolvidos são desconhecidos, isto apenas considerando os últimos anos. O antropólogo Stephen Baines em 2006 concedeu uma longa entrevista a Veja sobre os índios Waimiri-Atroari, população sobre a qual escrevera anos antes sua tese de doutoramento.
Em 14-03-2007, na edição 1999, entre as pgs. 56 e 58, uma nova invectiva contra os indígenas foi realizada pela Veja, agora visando o povo Guarani e tendo como título "Made in Paraguai - A Funai tenta demarcar área de Santa Catarina para índios paraguaios, enquanto os do Brasil morrem de fome". O autor era José Edward, parceiro de Leonardo Coutinho, na matéria citada no parágrafo anterior. Curiosamente um sub-título foi repetido na matéria da semana passada - "Made In Paraguay".
O então presidente da ABA, Luis Roberto Cardoso de Oliveira, solicitou o direito de resposta e encaminhou um texto à revista, que nem sequer lhe respondeu.
Poucos meses depois a revista Veja, em sua edição 2021, voltou à carga com grande sensacionalismo. A matéria de 15-08-2007 era intitulada "Crimes na Floresta – Muitas tribos brasileiras ainda matam crianças e a Funai nada faz para impedir o infanticídio" ( pgs. 104-106). O sub-título diz explicitamente que o infanticídio não teria sido abandonado pelos indígenas em razão do "apoio de antropólogos e a tolerância da Funai." A matéria novamente foi assinada pelo mesmo Leonardo Coutinho.
Novamente o protesto da ABA foi ignorado pela revista e pode circular apenas através do site da entidade.
Numa análise minuciosa desta revista, realizada em seu site, o jornalista Luis Nassif fala de uma perigosa proximidade entre lobistas e repórteres nas revistas classificadas como do estilo "neocon". A presença de "reporteres de dossier" é uma outra característica deste tipo de revista. A luz dos comentários deste conceituado jornalista a lista de situações onde a condição de indígenas é sistematicamente questionada não deixa de ser bastante significativa. Ai aparecem os Anacés, que vivem no município de São Gonçalo do Amarante (onde está o porto de Pecem, no Ceará); os Guarani-M'bià, confrontados por uma proposta do mega-investidor Eike Batista de construção de um grande porto em Peruíbe, São Paulo; e os mesmos Guaranis de Morro dos Cavalos (SC), que lutam contra interesses poderosos, que os qualificam como "paraguaios" (tal como os seus parentes Kayowá e Nandevá do Mato Grosso do Sul, em confronto com o agro-negócio pelo reconhecimento de suas terras).
Como o objetivo último é enfraquecer os direitos indígenas (em disputas concretas com interesses privados), os alvos centrais destes ataques tornam-se os antropólogos, os líderes indígenas e os seus aliados (a matéria cita o Conselho Indigenista Missionário/CIMI por várias vezes e sempre de forma igualmente desrespeitosa e inadequada).
É neste sentido que a CAI vem expressar sua posição quanto a necessidade de uma responsabilização legal dos praticantes de tal jornalismo, processando-os por danos morais e difamação. Neste momento a Presidência da ABA está em contato com seus assessores no campo jurídico visando definir a estratégia processual de intervenção a seguir.
Dada a assimetria de recursos existentes, contamos com a mobilização dos antropólogos e de todos que se preocupam com a defesa dos direitos indígenas para, através de sites, listas na Internet, discussões e publicações variadas, vir a contribuir para o esclarecimento da opinião pública, anulando a ação nefasta das matérias mentirosas acima mencionadas. Que não devem ser vistas como episódios isolados, mas como manifestações de um poder abusivo que pretende inviabilizar o cumprimento de direitos constitucionais, abafando as vozes das coletividades subalternizadas e cerceando o livre debate e a reflexão dos cidadãos. No que toca aos indígenas em especial a Veja tem exercitado com inteira impunidade o direito de desinformar a opinião pública, realimentar velhos estigmas e preconceitos, e inculcar argumentos de encomenda que não resistem a qualquer exame ou discussão.
João Pacheco de Oliveira
Coordenador da Comissão de Assuntos Indígenas/CAI
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Presença das mulheres na antropologia do século XX em debate na UFSC
As debatedoras de "Antropólogas no século XX: uma história invisível?" serão as professora Antonella Tassinari, do Núcleo de Estudos das Populações Indígenas (NEPI) e Ilka Boaventura Leite, do Núcleo de Estudos de Identidade e Relações Interétnicas (NUER).
A pesquisadora realizou seu segundo pós-doutorado, como bolsista do CNPq, na École des Haute Études em Sciences Sociales (EEHSS), na França e na University of California – Berkeley, Estados Unidos.
O evento integra o projeto Diálogos Transversais em Antropologia, promovido pelo Laboratório de Antropologia Social (LAS)
www.las.ufsc.br, que converge os laboratórios e grupos de pesquisa de antropologia da UFSC. O projeto pretende uma conversa entre os núcleos do LAS, aberta ao público, e já apresentou debates como: O que as crianças têm a ensinar para a Antropologia ?
Miriam é coordenadora do Núcleo de Identidades de Gêneros e Subjetividade (NIGS)wwww.nigs.ufsc.br.
Foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), é membro do corpo editorial de vários periódicos como a Revista de Estudos Feministas (REF), Cadernos Pagu, Nouvelles Questions Féministes e a Revista Sociedade em Estudos. Suas grandes áreas de estudos são: gênero, violência contra mulheres, homossexualidades e parentesco, ensino de antropologia, história da antropologia francesa e da antropologia brasileira.
A antropóloga recebeu vários prêmios como o de melhor livro acadêmico sobre Sexualidade, da Sociedade Brasileira de Sexologia com – Conjugalidades, Parentalidades e Identidades Lésbicas, Gays e Travestis, (2007) e também o prêmio Pierre Verger (ABA) pelo documentário Mauss e suas alunas (2002), realizado em parceria com Carmen Silvia Rial, também do Departamento de Antropologia da UFSC. O filme foi escolhido para o encerramento do 23eme Bilan du Film Ethnographique, realizado em 2004, em Paris.
Miriam, também em co-autoria com Carmen, realizou o documentário Germaine Tillion - Là oú il y a du danger on vous trouve toujours, (2007) que trata da trajetória acadêmica e pessoal de Germaine Tillion (1907-2008) destaque na antropologia, uma das maiores personagens francesas do século XX.
Mais informações: www.miriamgrossi.cfh.prof.ufsc.br
Por Alita Diana/jornalista da Agecom/UFSC
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Lançamento do Projeto ICEAO/UFBA - BA
No próximo dia 20 de abril, às 14 horas, na Sala dos Conselhos, Palácio da Reitoria, ocorrerá o evento de lançamento do projeto de criação de uma nova unidade de ensino na Universidade Federal da Bahia, de caráter multidisciplinar, voltada para os estudos africanos, afro-brasileiros e orientais. Esta iniciativa surgiu a partir das experiências acumuladas ao longo dos cinqüenta anos de funcionamento do Centro de Estudos Afro-Orientais como órgão suplementar, vinculado à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas e levando em conta o contexto atual marcado pelo crescimento da UFBa, que se traduz no aumento do número de matrículas, no surgimento de novos componentes curriculares, de novos cursos de graduação e pós-graduação e de novas unidades de ensino.
Data: 20 de abril, terça-feira, às 14 horas
Local: Sala dos Conselhos, Palácio da Reitoria da UFBa, Rua Augusto
Viana, s/n – Canela